terça-feira, 26 de junho de 2012

Adriana e Shelda têm "brilhante carreira" sem ouro olímpico

Adriana e Shelda
Principal dupla brasileira do vôlei de praia na última década, Adriana Behar e Shelda moram a mais de 2,8 mil km de distância. Enquanto a primeira está no Rio de Janeiro, onde trabalha no Comitê Olímpico Internacional como coordenadora do Programa Estratégico Olímpico 2016, a segunda fica em Fortaleza para cuidar de seu instituto e fazer faculdade. Após a aposentadoria, as duas comentaram, em entrevista ao Terra, o relacionamento amigável com as adversárias e o ouro olímpico, que não veio para a dupla. 

Principal dupla brasileira do vôlei de praia na última década, Adriana Behar e Shelda moram a mais de 2,8 mil km de distância. Enquanto a primeira está no Rio de Janeiro, onde trabalha no Comitê Olímpico Internacional como coordenadora do Programa Estratégico Olímpico 2016, a segunda fica em Fortaleza para cuidar de seu instituto e fazer faculdade. Após a aposentadoria, as duas comentaram, em entrevista ao Terra, o relacionamento amigável com as adversárias e o ouro olímpico, que não veio para a dupla.

Adriana "largou" o vôlei de praia no começo de 2008, já Shelda jogou mais algum tempo até parar de competir três anos depois, em 2011. Atualmente, a carioca de 43 anos trabalha na gerência de alto rendimento do COI com planos para os Jogos Olímpicos do Rio 2016. Já a cearense de 39 anos foca nos trabalhos com o Instituto Shelda, que desenvolve ações para a capacitação de jovens no esporte, além de cursar marketing.

A parceria durou 12 anos e rendeu 1101 vitórias para o Brasil. De 1995 até o final de 2007, elas conquistaram duas pratas olímpicas e foram seis vezes campeãs do Circuito Mundial, no total de 114 títulos na carreira. O ouro em uma Olimpíada, o que é o auge para muitos, não veio, mas a dupla não acredita que isso teria gerado uma grande mudança na dupla.

De acordo com Adriana, a falta do primeiro lugar no pódio não interferiu na "brilhante carreira". "Na minha visão, de tudo o que nós conquistamos, não faltou nada. Em termos de resultado e referência, a gente teve uma carreira brilhante como dupla", disse. "Não só dentro de quadra, em termos de postura, atitudes. O mais importante é o que a gente deixou dentro do esporte", acrescentou a atleta em entrevista ao Terra.

E para Shelda, o momento da vida que foi dedicado ao vôlei ficou no passado, e elas aproveitaram ao máximo. "Já passou. A carreira foi muito bem relaxada, muito bem decidida. Fizemos tudo o que tínhamos que fazer", afirmou.

Amizade com adversárias

As duas disseram que mantém um bom relacionamento com as suas oponentes. Por um lado Shelda diz que criou fortes amizades no circuito. "Ainda tenho bom relacionamento com as minhas adversárias. Minhas melhores amigas foram as minhas adversárias", afirmou.

Já Adriana também se aproximou das oponentes, mas não tanto comparado com sua parceira. "Não é nenhum contato diário, mas você viaja muito, está sempre competindo. Então você cria alguns vínculos com as pessoas", explicou.

A carioca, inclusive, teve uma situação curiosa. Alguns anos antes dos Jogos de Sydney 2000, ela abrigou em sua casa as australianas Natalie Cook e Kerri Pottharst. Curiosamente, foram elas que venceram a dupla brasileira na final daquela Olimpíada.

Questionada sobre o ocorrido, Adriana diz que uma atleta, na maioria dos casos, procurava ajudar a outra. "Nem todo mundo tem a estrutura ideal. Independente da relação dentro de quadra, você vira colega. A gente ficou algumas vezes na casa de algumas adversárias, umas austríacas também", disse.

Naquela ocasião, a dupla brasileira era a principal candidata ao ouro, diferente de Atenas 2004, quando as americanas Walsh e May levaram a melhor. "A gente era favorita em Sydney. Em termos de tristeza o pior foi na Austrália, porque foi a nossa primeira Olimpíada. A dupla que venceu não tinha o mesmo histórico que a gente, mas a dificuldade de uma Olimpíada é sempre a mesma", afirmou a ex-atleta.

Favoritos para Londres 2012

Brasil e Estados Unidos dividem, em geral, o primeiro lugar nas principais competições, seguido da China, que vem logo atrás nas disputas mundiais no feminino. Sobre o favoritismo para os Jogos, Shelda vê o Brasil com maiores chances de medalha no masculino.

"As duplas brasileiras têm tudo pra fazer um grande trabalho em Londres. Olimpíada é um campeonato diferente. Tem a China, Estados Unidos e Brasil que podem ficar em primeiro lugar no feminino, será bem disputado. No masculino, os brasileiros têm até mais chances de estar na final em busca de medalha", afirmou.

E Adriana não enxerga nenhum país como exemplo a ser seguido na modalidade. "Brasil, Estados Unidos e China são países que investem, que tem um histórico muito positivo. Não vejo como estrutura, mas sim como talentos e equipes", concluiu.

O vôlei de praia fez parte do programa olímpico pela primeira vez em Atlanta 1996. Desde então, nas quatro edições dos Jogos em que a modalidade esteve presente, o Brasil conquistou medalhas em todas.

Ao todo são nove pódios, com dois ouros, cinco pratas e duas medalhas de bronze. O País está em segundo lugar na classificação geral da modalidade, atrás dos Estados Unidos, que possui cinco ouros, mas sete medalhas no total.

*Fonte: Terra