domingo, 23 de setembro de 2012

Após eleição, Ary Graça exalta vôlei brasileiro: "um exemplo a ser seguido"

Ao lado do ex-presidente Jizhong Wei, Ary Graça assumiu a FIVB
Eleito presidente da Federação Internacional de Vôlei (FIVB) na última sexta-feira em cerimônia realizada no Congresso Mundial da entidade, em Anaheim, nos Estados Unidos, o brasileiro Ary Graça, que também comanda a Confederação Brasileira e Sul-Americana de Vôlei, já preparara sua gestão para os próximos quatro anos.

Entre as principais medidas que fazem parte da plataforma de campanha estão o desenvolvimento de estratégias de acordo com as necessidades das federações nacionais, a disseminação do vôlei de praia que, de acordo com ele, sempre está em evolução, além de uma maior integração entre as entidades da comunidade do vôlei mundial.

Segundo brasileiro a dirigir uma federação esportiva internacional - o outro foi João Havelange, na Federação Internacional de Futebol (Fifa) -, Ary Graça, em entrevista exclusiva ao Terra, afirmou que o sucesso do vôlei do Brasil deve ser um reflexo para as demais federações. Os EUA, por exemplo, são uma potência na modalidade, mas não têm um campeonato profissional.

O brasileiro, que se tornou o quarto presidente da história da FIVB - antecederam a gestão dele o francês Paul Libaud (1947 a 1984), o mexicano Rubén Acosta (1984 a 2008) e o chinês Jizhong Wei (2008 a 2012)-, acredita que o vôlei já é um esporte mundialmente conhecido e respeitado, mas garantiu que é necessário capacitar profissionais para que a modalidade se desenvolva "em todos os sentidos".
 
Confira a entrevista exclusiva de Ary Graça ao Terra:
 
Terra - O que os resultados do vôlei brasileiro contribuíram para que você concorresse à presidência da FIVB?
 
Ary Graça - O sucesso do voleibol brasileiro em quadra reflete a organização que temos fora dela. E é justamente essa organização que queremos levar para todo o mundo: nosso modelo de gestão, baseado em unidades de negócios - foi reconhecido em 2002 pela própria FIVB como um exemplo a ser seguido pelo mundo. De lá para cá, desenvolvemos ainda mais esse modelo e queremos mostrar que é possível adaptá-lo para diferentes realidades.
 
Terra - Você tem planos para tornar o vôlei um esporte mais respeitado mundialmente?
Ary Graça
- O vôlei já é um esporte respeitado, mas tem um enorme campo para crescer. Precisamos capacitar profissionais em nível mundial. Esse é um passo fundamental para levarmos a gestão ao maior número possível de federações. Quando elevarmos o nível da gestão do voleibol mundial, a modalidade se tornará um negócio mais atrativo e rentável. Com mais recursos, o vôlei poderá se desenvolver em todos os sentidos. 

Terra - Como você pretende ajudar os EUA (maior economia do mundo) a ter um campeonato profissional de vôlei de quadra?
 
Ary Graça - Os Estados Unidos possuem grandes seleções, mas ainda não conseguiram se organizar da melhor forma como um "negócio". O potencial que existe lá é muito grande, mas há muito trabalho pela frente. O voleibol está distante dos esportes mais populares dos Estados Unidos, mas a consolidação do mercado americano pode ajudar muito a modalidade de uma forma geral.
 
Terra - Você sente saudade da vantagem? Pretende mudar a regra do saque?
 
Ary Graça - Não, de forma alguma. Essa mudança tornou o jogo mais dinâmico, foi fundamental para que o voleibol se tornasse um produto ainda mais atrativo para a televisão. Essas decisões transformam a modalidade cada vez mais em um espetáculo. Sobre as mudanças, serão decididas posteriormente.
 
Terra - Além da quadra, você estuda fazer mudanças nas regras do vôlei de praia?
 
Ary Graça - Sim, o esporte está sempre em evolução. O tempo todo pensamos em aspectos que possam tornar o vôlei de praia mais atraente para todos os envolvidos, desde os atletas até a TV. Mas tudo deve ser amplamente discutido, especialmente com os jogadores.
 
Terra - Sobre os Jogos Olímpicos de Londres, a derrota da Seleção masculina para a Rússia, de 
virada, na final, é motivo para você ter pesadelos?
 
Ary Graça - Não existe isso. A seleção russa tinha um grande time, assim como o nosso. Era um duelo de altíssimo nível, sem favoritos. Trazer uma medalha olímpica de prata é um grande feito, não uma derrota.

*Terra - Foto: Carlos Delgado/iDigo