quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Atleta de projeto social investe no vôlei de praia para mudar de vida

 O Projeto Evokar, que é acompanhado pelo atleta olímpico Pedro Cunha, já atendeu mais de 500 crianças de comunidades carentes

Ramon é um dos 500 alunos que passaram pelo projeto Evokar
 A história de Ramon Ferreira é recheada de superação e bons exemplos. Aos 20 anos ele tem responsabilidade de "homem da casa". Além de ajudar nas despesas da família, o morador da comunidade de Rio das Pedras, Zona Oeste do Rio de Janeiro, descobriu no vôlei de praia uma forma de vencer as dificuldades do dia-a-dia. Aluno do projeto social Evokar, desde os 11 anos, o bicampeão brasileiro na categoria sub-19 e vice-campeão na categoria sub-20, quer saltar ainda mais alto para somar novas conquistas na quadra.

 - Eu não tinha previsão do que eu podia ser. Estudava, mas não sabia o que poderia fazer e o vôlei passou a ser uma meta na minha vida, um histórico, um futuro para eu conseguir superar as dificuldades que eu passava e ainda passo - disse ao "Tá na Área".

Encarado como uma espécie de herói para a mãe Francisca Ferreira Gomes, Ramon ganhou cedo responsabilidades de "gente grande". Aos 15 anos, viu a mãe sofrer um AVC (acidente  vascular cerebral) e, desde então, sentiu que era a hora de tomar as rédeas e cuidar das duas irmãs. Mas o menino da dona Francisca é muito mais do que um exemplo de superação nas quadras para ela.

- Nesse momento quem está segurando a barra é ele. Ele pode não ser o pai das meninas, mas é como se fosse. Está me ajudando (no custo da casa), me ajuda com as compras.

O projeto, que desde 2004 é tocado pelo professor de educação-física Leandro Martins, com objetivo de treinar crianças de comunidades carentes, está começando a ficar distante do objetivo inicial. O Evokar já chegou a atender 500 crianças e hoje enfrenta dificuldades pela falta de patrocínios, contando com apenas 15 alunos. O educador lamenta as dificuldades e revela que o aporte vem de fora do país.
- O empresário brasileiro ainda não tem essa visão dentro do esporte. Hoje o aporte que nós temos são de pessoas de fora que apoiam nosso projeto aqui no Brasil.

Para trabalhar no surgimento de novos "Ramons" - que encaram o esporte como uma forma de mudar sua vida - o educador conta com o acompanhamento do atleta olímpico Pedro Cunha em alguns treinamentos. Bicampeão brasileiro, Pedro Cunha acredita que acompanhar os "novos talentos" do projeto é inspirador para sua superação em quadra.

- Você vê essa nova geração, com bastante motivação e gás. É importante para mim. Quando venho aqui e vejo isso, quero sempre buscar melhorar.

Apesar de ter uma estatura considerada baixa para o esporte, Ramon, com 1,80m, ganhou nova perspectiva de vida com o projeto. Ele, que representou o Brasil no Campeonato Mundial Sub-20, está conhecendo o mundo através do esporte e ainda conseguiu uma bolsa integral na faculdade de Educação Física. Orgulhoso, acredita que, além da ajuda financeira, a nova vivência está ajudando muito a família.

- Viajando com o vôlei eu estou tendo uma outra visão de vida para elas, que em outros lugares não é assim, que a gente consegue fazer diferente

*SporTV.com