Retrospectiva: Brasileiros brilharam nas areias de Londres |
O vôlei de praia brasileiro manteve a média das últimas duas edições
olímpicos e deu ao país duas medalhas nos Jogos Olímpicos de Londres.
Através das duplas campeãs mundiais Alison/Emanuel e Juliana/Larissa,
que conquistaram prata e bronze, o país reforçou sua coleção de medalhas
olímpicas, que agora chega a 11, em cinco edições onde o vôlei de praia
foi disputado.
O ciclo olímpico de Londres foi marcado por novidades no formato de
definição das duplas classificadas. Além da criação de vias alternativas
de classificação - a Continental Cup e, posteriormente, os
Pré-Olímpicos Mundiais -, a Federação Internacional de Voleibol (FIVB)
também determinou que os países seriam os donos das vagas e não as
duplas.
Assim, logo no começo da temporada, a Confederação Brasileira de
Voleibol (CBV) instituiu o Projeto “Corrida Olímpica”, apontando três
duplas em cada naipe como potenciais convocadas. Ao fim do processo de
classificação, Alison/Emanuel, Ricardo/Pedro Cunha, Juliana/Larissa e
Talita/Maria Elisa foram confirmadas como representantes do país na
competição mais importante da temporada.
A convocação fez Emanuel tornar-se um dos dois atletas de vôlei de
praia do mundo a participar dos cinco torneios olímpicos de vôlei de
praia, dividido a marca com a australiana Natalie Cook. Com o quarto
parceiro diferente, o paranaense conquistou sua terceira medalha.
A campanha de Alison e Emanuel em Londres começou com uma apertada
vitória por 2 a 1 diante dos austríacos Doppler e Horst. Depois, com
atuações mais seguras, a dupla campeã mundial em 2011 passou por
Heuscher/Bellaguarda, da Suíça, e Nicolai/Lupo, da Itália, em dois sets,
garantindo a primeira posição do Grupo A.
Na chave F, domínio absoluto do Brasil. Com três vitórias por 2 a 0,
Ricardo e Pedro Cunha deixaram pelo caminho Skarlund/Spinnangr, da
Noruega, Grotowski/Garcia-Thompson, da Grã-Bretanha, e Reader/Binstock,
do Canadá, para chegarem sem perder sets às oitavas.
No começo da fase eliminatória, os brasileiros se impuseram e
avançaram sem sustos, vencedo por 2 a 0. Enquanto Alison e Emanuel
passaram por Erdmann/Matysik, da Alemanha, Ricardo e Pedro tiraram da
disputa o medalhista olímpico espanhol Herrera e seu parceiro Gavira.
Nas quartas, a dificuldade aumentou. Em uma partida disputadíssima,
Alison e Emanuel sobreviveram, ganhando dos poloneses Fijalek e Prudel
por 2 a 1, com direito a 17/15 no tie-break. Ricardo, que lutava por sua
quarta medalha olímpica, e Pedro caíram diante dos alemães Brink e
Reckermann, perdendo por 2 a 0.
“Eles jogaram muito bem, foram muito eficientes no saque e esse foi o
diferencial. Demoramos a entrar no ritmo deles no primeiro set.
Equilibramos o jogo no segundo set, mas tivemos muitos erros na
recepção. Sempre tínhamos conseguido superar as dificuldades contra eles
nas outras vezes que nos enfrentamos. Desta vez, não sacamos,
bloqueamos e nem defendemos bem. Fizemos o nosso melhor, mas
infelizmente não deu”, lamentou Ricardo.
Na semifinal, Alison e Emanuel tiveram pela frente a grande surpresa
do torneio, os letões Plavins e Smedins. Fazendo valor a maior
experiência, os brasileiros dominaram os surpreendentes europeus,
venceram por 2 a 0 e garantiram a vaga na final.
Na decisão, um dos jogos mais emocionantes do vôlei de praia mundial
nos últimos tempos. Depois de perderem o primeiro set por 21/23, os
brasileiros reagiram e venceram a segunda parcial por 21/16. No terceiro
e decisivo set, chegaram a estar perdendo por 14/11, conseguiram o
empate, mas acabaram superados no fim por 16/14.
“Tentamos de tudo para ficar com o ouro e voltamos ao Brasil de
cabeça erguida, pois fizemos o nosso melhor. Meu sonho de conquistar uma
medalha olímpica nasceu vendo o Emanuel vencer em Atenas, e 2004,
alcançar este objetivo ao lado dele foi muito especial. Formamos uma
verdadeira família junto com a nossa comissão técnica nestes últimos
anos e o nosso trabalho foi recompensado com a medalha”, comentou o
estreante Alison.
No feminino, bronze na raça
No feminino, o vôlei de praia brasileiro também foi absoluto na
primeira fase. Líderes do ranking, Juliana e Larissa estrearam
massacrando Rigobert/Yuk Lo, das Ilhas Maurício. Depois, superaram
Holtwick/Semmler, da Alemanha, e Klapalova/Hajeckova, da República
Tcheca, também por 2 a 0, para avançar em primeiro lugar no Grupo A.
Na chave E, Talita e Maria Elisa tiveram mais trabalho, mas também
avançaram invictas. Na estreia, veio a vitória mais tranquila: 2 sets a 0
diante das holandesas Meppelink e van Gestel. Depois, em três sets, as
brasileiras superaram Goller/Ludwig, da Alemanha, e Bawden/Palmer, da
Austrália.
Nas oitavas, as holandesas cruzaram o caminho de Juliana e Larissa,
que venceram por 2 a 0 e avançaram. Talita e Maria Elisa, no entanto,
foram surpreendidas pelas tchecas Slukova e Kolocova, perderam por 2 a 1
e terminaram em nono lugar.
“Não soubemos lidar com o jogo. A tchecas tiveram bons momentos, mas
nós erramos muito, e isso facilitou demais o jogo para elas. Nos
colocamos em uma situação muito ruim na partida pelas nossas falhas e
não conseguimos reverter”, analisou Talita.
Nas quartas, Juliana e Larissa seguiram a caminhada, passando por
Goller/Ludwig, da Alemanha, em dois sets. Na semifinal, a dupla, que
disputou os Jogos Olímpicos pela primeira vez, saiu na frente das
norte-americanas Kessy e Ross, mas tomou a virada e ficou fora da
disputa pelo ouro.
Um dia depois, a dupla parecia abatida na disputa pelo bronze e
perdeu o primeiro set para as chinesas Chen Xue e Zhang Xi por 11/21. Aí
ressurgiu o espírito vencedor e, com parciais de 21/19 e 15/12, Juliana
e Larissa garantiram a última medalha que faltava na coleção da dupla.
“Estou muito orgulhosa da nossa dupla. Não jogamos bem no começo do
jogo e conseguimos virar o segundo set de uma maneira inexplicável. No
tie-break, fomos muito bem. Estou muito orgulhosa por ter participado da
Olimpíada pela primeira vez e essa medalha, apesar de não ser de ouro, é
como se fosse para nós”, comemorou Juliana.
Com os resultados conquistados em Londres, o Brasil segue como o
maior detentor de medalhas olímpicas no vôlei de praia. O país já foi 11
vezes ao pódio olímpico – duas vezes com o ouro, seis com a prata e
três com o bronze -, duas a mais que os Estados Unidos.