sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

RETROSPECTIVA 2012: Vôlei de praia brasileiro conquista duas medalhas em Londres

Retrospectiva: Brasileiros brilharam nas areias de Londres
O vôlei de praia brasileiro manteve a média das últimas duas edições olímpicos e deu ao país duas medalhas nos Jogos Olímpicos de Londres. Através das duplas campeãs mundiais Alison/Emanuel e Juliana/Larissa, que conquistaram prata e bronze, o país reforçou sua coleção de medalhas olímpicas, que agora chega a 11, em cinco edições onde o vôlei de praia foi disputado.

O ciclo olímpico de Londres foi marcado por novidades no formato de definição das duplas classificadas. Além da criação de vias alternativas de classificação - a Continental Cup e, posteriormente, os Pré-Olímpicos Mundiais -, a Federação Internacional de Voleibol (FIVB) também determinou que os países seriam os donos das vagas e não as duplas.

Assim, logo no começo da temporada, a Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) instituiu o Projeto “Corrida Olímpica”, apontando três duplas em cada naipe como potenciais convocadas. Ao fim do processo de classificação, Alison/Emanuel, Ricardo/Pedro Cunha, Juliana/Larissa e Talita/Maria Elisa foram confirmadas como representantes do país na competição mais importante da temporada.

A convocação fez Emanuel tornar-se um dos dois atletas de vôlei de praia do mundo a participar dos cinco torneios olímpicos de vôlei de praia, dividido a marca com a australiana Natalie Cook. Com o quarto parceiro diferente, o paranaense conquistou sua terceira medalha.

A campanha de Alison e Emanuel em Londres começou com uma apertada vitória por 2 a 1 diante dos austríacos Doppler e Horst. Depois, com atuações mais seguras, a dupla campeã mundial em 2011 passou por Heuscher/Bellaguarda, da Suíça, e Nicolai/Lupo, da Itália, em dois sets, garantindo a primeira posição do Grupo A.

Na chave F, domínio absoluto do Brasil. Com três vitórias por 2 a 0, Ricardo e Pedro Cunha deixaram pelo caminho Skarlund/Spinnangr, da Noruega, Grotowski/Garcia-Thompson, da Grã-Bretanha, e Reader/Binstock, do Canadá, para chegarem sem perder sets às oitavas.

No começo da fase eliminatória, os brasileiros se impuseram e avançaram sem sustos, vencedo por 2 a 0. Enquanto Alison e Emanuel passaram por Erdmann/Matysik, da Alemanha, Ricardo e Pedro tiraram da disputa o medalhista olímpico espanhol Herrera e seu parceiro Gavira.

Nas quartas, a dificuldade aumentou. Em uma partida disputadíssima, Alison e Emanuel sobreviveram, ganhando dos poloneses Fijalek e Prudel por 2 a 1, com direito a 17/15 no tie-break. Ricardo, que lutava por sua quarta medalha olímpica, e Pedro caíram diante dos alemães Brink e Reckermann, perdendo por 2 a 0.

“Eles jogaram muito bem, foram muito eficientes no saque e esse foi o diferencial. Demoramos a entrar no ritmo deles no primeiro set. Equilibramos o jogo no segundo set, mas tivemos muitos erros na recepção. Sempre tínhamos conseguido superar as dificuldades contra eles nas outras vezes que nos enfrentamos. Desta vez, não sacamos, bloqueamos e nem defendemos bem. Fizemos o nosso melhor, mas infelizmente não deu”, lamentou Ricardo.

Na semifinal, Alison e Emanuel tiveram pela frente a grande surpresa do torneio, os letões Plavins e Smedins. Fazendo valor a maior experiência, os brasileiros dominaram os surpreendentes europeus, venceram por 2 a 0 e garantiram a vaga na final.

Na decisão, um dos jogos mais emocionantes do vôlei de praia mundial nos últimos tempos. Depois de perderem o primeiro set por 21/23, os brasileiros reagiram e venceram a segunda parcial por 21/16. No terceiro e decisivo set, chegaram a estar perdendo por 14/11, conseguiram o empate, mas acabaram superados no fim por 16/14.

“Tentamos de tudo para ficar com o ouro e voltamos ao Brasil de cabeça erguida, pois fizemos o nosso melhor. Meu sonho de conquistar uma medalha olímpica nasceu vendo o Emanuel vencer em Atenas, e 2004, alcançar este objetivo ao lado dele foi muito especial. Formamos uma verdadeira família junto com a nossa comissão técnica nestes últimos anos e o nosso trabalho foi recompensado com a medalha”, comentou o estreante Alison.

No feminino, bronze na raça

No feminino, o vôlei de praia brasileiro também foi absoluto na primeira fase. Líderes do ranking, Juliana e Larissa estrearam massacrando Rigobert/Yuk Lo, das Ilhas Maurício. Depois, superaram Holtwick/Semmler, da Alemanha, e Klapalova/Hajeckova, da República Tcheca, também por 2 a 0, para avançar em primeiro lugar no Grupo A.

Na chave E, Talita e Maria Elisa tiveram mais trabalho, mas também avançaram invictas. Na estreia, veio a vitória mais tranquila: 2 sets a 0 diante das holandesas Meppelink e van Gestel. Depois, em três sets, as brasileiras superaram Goller/Ludwig, da Alemanha, e Bawden/Palmer, da Austrália.

Nas oitavas, as holandesas cruzaram o caminho de Juliana e Larissa, que venceram por 2 a 0 e avançaram. Talita e Maria Elisa, no entanto, foram surpreendidas pelas tchecas Slukova e Kolocova, perderam por 2 a 1 e terminaram em nono lugar.

“Não soubemos lidar com o jogo. A tchecas tiveram bons momentos, mas nós erramos muito, e isso facilitou demais o jogo para elas. Nos colocamos em uma situação muito ruim na partida pelas nossas falhas e não conseguimos reverter”, analisou Talita.

Nas quartas, Juliana e Larissa seguiram a caminhada, passando por Goller/Ludwig, da Alemanha, em dois sets. Na semifinal, a dupla, que disputou os Jogos Olímpicos pela primeira vez, saiu na frente das norte-americanas Kessy e Ross, mas tomou a virada e ficou fora da disputa pelo ouro.

Um dia depois, a dupla parecia abatida na disputa pelo bronze e perdeu o primeiro set para as chinesas Chen Xue e Zhang Xi por 11/21. Aí ressurgiu o espírito vencedor e, com parciais de 21/19 e 15/12, Juliana e Larissa garantiram a última medalha que faltava na coleção da dupla.

“Estou muito orgulhosa da nossa dupla. Não jogamos bem no começo do jogo e conseguimos virar o segundo set de uma maneira inexplicável. No tie-break, fomos muito bem. Estou muito orgulhosa por ter participado da Olimpíada pela primeira vez e essa medalha, apesar de não ser de ouro, é como se fosse para nós”, comemorou Juliana.
 
Com os resultados conquistados em Londres, o Brasil segue como o maior detentor de medalhas olímpicas no vôlei de praia. O país já foi 11 vezes ao pódio olímpico – duas vezes com o ouro, seis com a prata e três com o bronze -, duas a mais que os Estados Unidos.